Está desde abril de 2006 no ar e já conquistou seis prêmios jornalísticos. Tem a direção do jornalista Werinton Kermes, apresentação da doutora em comunicação e semiótica Míriam Cris Carlos e produção de Luciana Lopez.

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2 de junho de 2010

Morre Vicente Caetano, o idealizador da caravana 'Flor do Cafezal'

Daniela Jacinto

Notícia publicada na edição de 02/06/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 3 do caderno B
 
 
Vicente Caetano descobriu diversos artistas
 talentosos em bairros da periferia de Sorocaba
 
Foi sepultado na terça-feira (1º) , às 10h30 no Cemitério Pax o corpo de Vicente de Paulo Caetano Fraines, que durante 25 anos deu vida à Associação Cultural e Recreativa “Flor do Cafezal”. Vicente Caetano descobriu diversos artistas talentosos em bairros da periferia de Sorocaba e deu apoio a muitos que iniciavam carreira, como a cantora Suellen Graciano, que ficou conhecida por ter participado da banda do Domingão do Faustão. Vicente Caetano levava sua caravana de artistas para apresentações nos mais diversos locais, inclusive outras cidades. Apesar dos problemas cardíacos que vinha sofrendo, ainda lutava para a sobrevivência da Associação, que depois de anos deixou de receber apoio financeiro da Prefeitura. O coração, já fraco, não resistiu mais e ontem, aos 78 anos de idade, Vicente Caetano faleceu, às 13h, na Santa Casa, onde estava internado. Deixou os filhos Sandra, Nivaldo e Ricardo.

 
Vicente Caetano nasceu em Araraquara, mas passou a vida adulta em São Paulo, onde residiu por 31 anos. Veio a Sorocaba em 1982, após ter aposentado. Aqui, começou a fazer um programa na rádio Cacique chamado “Saudade de Alguém”, que mais tarde se transformou no “Flor do Cafezal”, que chegou a ser veiculado pela Vanguarda e Rádio Clube (agora Boa Nova). O programa apresentava música ao vivo, levava convidados especiais, e ainda fazia entrevistas com personalidades de Sorocaba. Foi por meio do programa que Vicente Caetano começou a levar shows aos bairros. Pelos lugares que passava, descobria novos talentos, mas que ainda precisavam de preparo. Assim começaram as aulas de canto, dança, instrumento musical e as orientações aos artistas.

Durante todos esses anos, passaram pela Flor do Cafezal cerca de 300 pessoas, entre eles artistas como Gerson Peres e Geisa Celeste, esta última teve inclusive projeção internacional. Muitas pessoas ainda receberam ajuda com cesta básica, roupa e calçados devido à falta de condições da família. Quem também recebeu apoio artístico foi a cantora Suellen Graciano. Em entrevista concedida ao Mais Cruzeiro no início deste ano, Suellen afirmou que começou a carreira como artista da Caravana Flor do Cafezal. “Quando mudei para Sorocaba já tinha me apresentado algumas vezes no programa Raul Gil, mas o pessoal do Flor do Cafezal me ajudou muito no começo. Eles realmente dão oportunidade para aqueles que têm talento. Levei uma fita minha para o seu Vicente e ele me ajudou a ensaiar, fazer show... Ele foi uma das grandes pessoas que me ajudaram muito.”

Tristeza

O radialista José Desidério, da Boa Nova (antiga Rádio Clube), lamentou a morte do amigo. Desidério afirma que trabalhou com Vicente Caetano na rádio na época em que ele fazia o programa “Flor do Cafezal”. “O Vicente tinha preocupação e divulgava um sertanejo diferente. Nos últimos anos, ele estava debilitado mas continuava lutando. Vicente Caetano era muito simples nas coisas dele e muito querido por todos nós da rádio.”

Também a radialista Zilá Gonzaga, da Cacique, ficou muito triste ao saber da morte de Vicente Caetano: “Ele foi uma pessoa com quem tive muita amizade. Talentoso e batalhador, Vicente Caetano gostava muito de fazer o ‘Flor do Cafezal’”.
O diretor da Biblioteca Infantil, José Rubens Incao, lembra que Vicente Caetano estava sempre abrindo caminho para os novos artistas. “Ele era generoso nesse sentido, foi um grande batalhador pela música regional, ele vivia correndo atrás de recursos. Assim como Nhô Juca, Vicente Caetano tinha um programa que saía do rádio para ir até a população, o que não existe hoje em dia, se existe são coisas que não passam no nosso circuito. É uma perda realmente”.

 
Conforme a professora Luciana Rovaroto da Silva Incao, que foi secretária de Vicente Caetano em 1990 e permaneceu no cargo durante um ano, ele era uma pessoa muito alegre, de bem com a vida e acreditava em todos que o procuravam para uma ajuda na carreira artística. “Acima de tudo, ele era uma pessoa justa, se um artista já tinha ido a uma viagem, ele dava oportunidade a outro. Também o cachê era dividido direito e ele pagava corretamente. O que ele queria era ajudar as pessoas. O neto Eduardo deu muito apoio a ele e a secretária Renata também”.

 
No dia 10 de abril, o programa Provocare FM, veiculado pela rádio Cruzeiro FM divulgou entrevista sobre a vida de Vicente Caetano e a Associação Flor do Cafezal. Conforme Werinton Kermes, que faz a direção geral do programa, Vicente teve um papel muito importante dentro da cultura da cidade. “Ele foi um instrumento de oportunidades para pessoas numa área da cultura que existe muito preconceito, que é esse trabalho de fazer com que as pessoas se encontrem na dança, na música, na composição...
E como ele seguia uma linha de programa de auditório, vamos dizer assim, ele próprio acabava sofrendo preconceito com suas atividades e nos últimos anos particularmente acabou não tendo apoio do poder público porque o modelo de trabalho dele era considerado ultrapassado e ele sofria demais com isso... A Flor do Cafezal é uma referência da cultura popular de Sorocaba e Vicente Caetano era um lutador, não desistiu até o final”. Recentemente, Vicente Caetano foi homenageado pela Câmara Municipal de Vereadores com o título de Cidadão Sorocabano.

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